“MULHERES NA CONTEMPORANEIDADE”
Desde a revolução sexual,
na década de 1960, as mulheres de classe média vêm lutando por sua
independência e autonomia, buscando reconhecimento da sociedade que, até então,
julgava-as incapazes de ingressarem no espaço público, reservando-lhes o papel tradicional
de donas-de-casa, geradoras de filhos e esposas, restrito à dimensão privada. Isso
porque, de acordo com os moldes patriarcais vigentes, homens e mulheres
deveriam ocupar lugares e desempenhar papéis distintos na sociedade, enquanto eles
ingressavam no mercado de trabalho e esperava-se que provessem o sustento
econômico da família, elas reinavam no espaço privado e dedicavam-se aos
afazeres domésticos e cuidados com os membros dessa família.
No passado, as
mulheres eram consideradas uma propriedade do marido, e acatavam com submissão e
resignação suas ordens, tudo pelo cumprimento do seu papel perante a sociedade;
papel em branco sem nenhuma assinatura - porque como cidadãs nem se reconheciam,
papel sem cor - pois elas eram tratadas com insignificância, papel amassado -
porque era natural serem ignoradas, humilhadas, traídas ou surradas pelo
marido, desde que ele desempenhasse o papel social que lhe era designado –
provedor econômico do grupo familiar.
Esse foi o “destino”
reservado às mulheres por um longo período. Isso por conta de aspectos que
foram determinados pela construção social e cultural dos gêneros – ser homem e
ser mulher. Porém, essa desconstrução vem ocorrendo desde a década de 1960, o
que sugere a possibilidade de superação do sistema patriarcal.
Não obstante,
presenciamos esse perfil de mulher, embora em uma realidade e circunstâncias diferentes,
com algumas peculiaridades. Mesmo vivendo numa sociedade demasiadamente
machista, na qual elas ainda ganham salários e exercem cargos inferiores ao dos
homens, as mulheres vêm conseguindo avançar significativamente na caminhada em
busca de autonomia e de seu reconhecimento
como donas de si.
Hoje, as mulheres
têm conquistado espaços, garantindo seus direitos, lutando por igualdade dos
sexos, pelo direito de serem donas do seu corpo, pela liberdade, pelo prazer e,
pelo fim do preconceito quanto à sua capacidade e ao poder que podem exercer na
sociedade. Digamos que o dito “sexo frágil”, como anuncia a canção popular, “não
foge à luta”.
De fato, tais conquistas
são fruto de lutas e protestos como os movimentos feministas e de mulheres,
cujos primeiros passos registrados na história foram dados entre as décadas de 1960
e 1970. Desde então, elas vêm construindo a cada dia o formato de sociedade que
almejam para si e para sua descendência, trabalhando na desconstrução social de
um modelo “ultrapassado” no tocante ao papel da mulher.
No cenário contemporâneo,
as mulheres cumprem um novo papel, a de “Mulher Multifacetada”. Caracterizam-se
pela sua dupla jornada de trabalho, realizada entre atividades domesticas
(esposa, mãe, amante) e atividades no mercado de trabalho (a
profissionalização). No plano ideal, contam com o reforço do modelo do “casal
igualitário”, em que compartilham as atividades do lar e a educação dos filhos
com o companheiro, e mais, podem expressar o seu desejo sexual e se relacionarem
quando desejarem e, não apenas para cumprirem a “obrigação de mulher” no leito
conjugal. Aqui também se encaixa a discussão acerca do direito ao uso de seu
corpo, que inclui a decisão de ter ou não filhos e, se quiserem tê-los, escolherem
o momento que elas julguem apropriado.
Além disso, cada
vez mais as mulheres vêm buscando ampliar seu espaço nas diversas esferas
profissionais, como se pode constatar nas áreas de Engenharia (construção civil),
Industrial, econômica, administrativa, jurídica e comercial entre outras e, até
mesmo chegando ao mais alto poder no cenário político. Além disso, uma mulher se
encontra na presidência da República (Dilma Rousseff), o que representa uma
eminente amostra de luta e conquista.
Na caminhada junto à desconstrução do modelo feminino idealizado pela
burguesia, as mulheres, entretanto não conseguem se desvincular dos papéis
tradicionais de dona-de-casa, esposa e mãe, além disso, são alvos de insultos
pela mídia, sofrendo até censuras. Apesar de todos os ganhos que observamos na
construção do gênero na sociedade atual, elas ainda enfrentam muitos desafios,
quando se trata da sua jornada dupla em conciliar a atividade profissional e doméstica
sem nenhum auxílio do companheiro, os salários inferiores aos dos homens na
mesma profissão, e na ocupação de cargos de chefia, mesmo com uma mulher na
Presidência da República, ainda é escassa a presença feminina no cenário
político, sendo importante a implementação de uma política de cotas para
incentivar sua participação. Ainda há, portanto, uma longa jornada a ser
percorrida para se extinguir o preconceito e discriminação contra as mulheres, apesar
de, ao contrário de suas ancestrais, mostrarem-se mais corajosas e determinadas,
sem medo de se exporem e de serem felizes.
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