"... o sexo é fisiológico e diz respeito às diferenças biológicas entre machos e fêmeas da espécie humana. O sexo é determinado pelas características físicas, equipamento biológico que, de fato, é diferente em homens e mulheres. Já o gênero é cultural, ou seja, ser homem ou ser mulher não implica apenas na fisiologia, mas também em incorporar comportamentos, desempenhar papéis e funções sociais que historicamente foram designadas como masculinas e femininas" (TAVARES, 2006).


domingo, 21 de outubro de 2012


“MULHERES NA CONTEMPORANEIDADE”
Desde a revolução sexual, na década de 1960, as mulheres de classe média vêm lutando por sua independência e autonomia, buscando reconhecimento da sociedade que, até então, julgava-as incapazes de ingressarem no espaço público, reservando-lhes o papel tradicional de donas-de-casa, geradoras de filhos e esposas, restrito à dimensão privada. Isso porque, de acordo com os moldes patriarcais vigentes, homens e mulheres deveriam ocupar lugares e desempenhar papéis distintos na sociedade, enquanto eles ingressavam no mercado de trabalho e esperava-se que provessem o sustento econômico da família, elas reinavam no espaço privado e dedicavam-se aos afazeres domésticos e cuidados com os membros dessa família.
No passado, as mulheres eram consideradas uma propriedade do marido, e acatavam com submissão e resignação suas ordens, tudo pelo cumprimento do seu papel perante a sociedade; papel em branco sem nenhuma assinatura - porque como cidadãs nem se reconheciam, papel sem cor - pois elas eram tratadas com insignificância, papel amassado - porque era natural serem ignoradas, humilhadas, traídas ou surradas pelo marido, desde que ele desempenhasse o papel social que lhe era designado – provedor econômico do grupo familiar.
Esse foi o “destino” reservado às mulheres por um longo período. Isso por conta de aspectos que foram determinados pela construção social e cultural dos gêneros – ser homem e ser mulher. Porém, essa desconstrução vem ocorrendo desde a década de 1960, o que sugere a possibilidade de superação do sistema patriarcal.  
Não obstante, presenciamos esse perfil de mulher, embora em uma realidade e circunstâncias diferentes, com algumas peculiaridades. Mesmo vivendo numa sociedade demasiadamente machista, na qual elas ainda ganham salários e exercem cargos inferiores ao dos homens, as mulheres vêm conseguindo avançar significativamente na caminhada em busca de autonomia e de  seu reconhecimento como donas de si.
Hoje, as mulheres têm conquistado espaços, garantindo seus direitos, lutando por igualdade dos sexos, pelo direito de serem donas do seu corpo, pela liberdade, pelo prazer e, pelo fim do preconceito quanto à sua capacidade e ao poder que podem exercer na sociedade. Digamos que o dito “sexo frágil”, como anuncia a canção popular, “não foge à luta”.
De fato, tais conquistas são fruto de lutas e protestos como os movimentos feministas e de mulheres, cujos primeiros passos registrados na história foram dados entre as décadas de 1960 e 1970. Desde então, elas vêm construindo a cada dia o formato de sociedade que almejam para si e para sua descendência, trabalhando na desconstrução social de um modelo “ultrapassado” no tocante ao papel da mulher.
No cenário contemporâneo, as mulheres cumprem um novo papel, a de “Mulher Multifacetada”. Caracterizam-se pela sua dupla jornada de trabalho, realizada entre atividades domesticas (esposa, mãe, amante) e atividades no mercado de trabalho (a profissionalização). No plano ideal, contam com o reforço do modelo do “casal igualitário”, em que compartilham as atividades do lar e a educação dos filhos com o companheiro, e mais, podem expressar o seu desejo sexual e se relacionarem quando desejarem e, não apenas para cumprirem a “obrigação de mulher” no leito conjugal. Aqui também se encaixa a discussão acerca do direito ao uso de seu corpo, que inclui a decisão de ter ou não filhos e, se quiserem tê-los, escolherem o momento que elas julguem apropriado.
Além disso, cada vez mais as mulheres vêm buscando ampliar seu espaço nas diversas esferas profissionais, como se pode constatar nas áreas de Engenharia (construção civil), Industrial, econômica, administrativa, jurídica e comercial entre outras e, até mesmo chegando ao mais alto poder no cenário político. Além disso, uma mulher se encontra na presidência da República (Dilma Rousseff), o que representa uma eminente amostra de luta e conquista.
Na caminhada junto à desconstrução do modelo feminino idealizado pela burguesia, as mulheres, entretanto não conseguem se desvincular dos papéis tradicionais de dona-de-casa, esposa e mãe, além disso, são alvos de insultos pela mídia, sofrendo até censuras. Apesar de todos os ganhos que observamos na construção do gênero na sociedade atual, elas ainda enfrentam muitos desafios, quando se trata da sua jornada dupla em conciliar a atividade profissional e doméstica sem nenhum auxílio do companheiro, os salários inferiores aos dos homens na mesma profissão, e na ocupação de cargos de chefia, mesmo com uma mulher na Presidência da República, ainda é escassa a presença feminina no cenário político, sendo importante a implementação de uma política de cotas para incentivar sua participação. Ainda há, portanto, uma longa jornada a ser percorrida para se extinguir o preconceito e discriminação contra as mulheres, apesar de, ao contrário de suas ancestrais, mostrarem-se mais corajosas e determinadas, sem medo de se exporem e de serem felizes.

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