Emma I. Lyngedal
O livro Feminismo cotidiano é
o segundo livro da autora Jennie Sjögren que, também é ativa como jornalista,
trabalhando em várias redações. O livro
dela fala sobre a importância do feminismo fazer parte da vida cotidiana.
Primeiro discute o conceito de feminismo e, depois, seguem três capitulos:
feminismo em casa, no trabalho e na sociedade. Feminismo quer dizer igualdade –
os mesmos direitos e possibilidades sem ter nada haver com sexo ou gênero; ou,
com as palavras da autora:
Mulheres ainda não tem a mesma
liberdade política, econômica, social e mental que os homens. Isso as
feministas acham errado. Feministas querem assegurar que homens e mulheres têm
os mesmos diretos e obrigações. Feministas querem que a sociedade seja igual.
Porque todos não são feministas?
J. Sjögren começa com um pouco da historia de feminismo na Suécia. Em
1995, a Suécia foi nomeada o país mais igual. Um prêmio fantástico, mas não
suficiente; segundo o Claes Borgström, que teve o cargo como ombudsman de igualdade 2000-2007,
igualdade não é comparável; ou é igual, ou não é. Assim, a Suécia ainda tem
muito a fazer para chegar a ser igual.
A
palavra “feminista” é mal usada e mal entendida. Para definir o que quer dizer
ser “feminista”, a autora faz entrevistas com pessoas de várias áreas, mas
todas relacionadas com o assunto. Uma deles é com a pesquisadora Lena Gemzöe,
do Centro dos Estudos da Mulher na Universidade de Estocolmo, Suécia. Na bagagem
dela, tem uma formação de antropologia e um doutorado em socioantropologia,
estudando gênero e religião. Ela define que uma feminista considera:
1. que as mulheres são inferiores aos homens e
2. que essa relação deve ser mudada.
Isso no contexto de quatro esferas: política/economia;
mesmo que a Suécia tenha uma representação de mulheres no governo e parlamento,
relativamente grande, as áreas entre si são segregadas entre homens e mulheres
– políticas femininas trabalham com saude e política social e, familia e
igualdade, enquanto os políticos masculinos trabalham com política de taxa,
finanças, defesa e trânsito. Familia;
Na Suécia, os pais têm direito a 480 dias em que eles podem ser pagos sem
trabalhar, para ficarem em casa e cuidar do filho; 60 dias são fixos para cada
mãe e pai, e nos dias restantes se
dividem entre si. A média é que os homens só tiram 14 % destes dias, geralmente
na época mais favorável, como natal, reveillon e verão, e deixam os dias
“normais” para as mulheres. Cultura;
o trabalho das mulheres não está sendo tão valorizado como o dos homens. Nem o ser mulher está sendo valorizado, se pensarmos
como a indústria de midia, publicidade e moda objetificam o corpo da mulher. Violência; com maioria esmagadora, a
vítima nos crimes sexuais é mulher, e a maioria dos que se interessam, dão
atenção e trabalham com estes assuntos, também são mulheres.
A autora quer dizer que não importa que tipo de
feminista que é, que pode se chamar feminista sem problema. Feminsta não quer
dizer “feminista radical”, “feminista liberal” ou o que seja; ser feminista é muito amplo e pode ter várias diretrizes. Ser feminista só
quer dizer que um está contra desigualdades entre homens e mulheres. "No livro tem algumas respostas se alguém questiona o que ser feminista":
Esclarecendo, entramos no capitulo sobre igualdade em casa e como as
tarefas normalmente são divididas entre homens e mulheres. A Suécia não tem o
costume de ter empregados domésticos, embora, durante as décadas de 1950 e 1960
existiram. Porém, isso parou por várias décadas. Só nos últimos anos é que
recomeçou a ter ajuda em casa e parece que aos poucos está voltando, mas ainda
é uma pequena minoria que possui empregados.
Em
2003, fizeram um estudo de quanto tempo a mulher e o homem dedicam para fazer o
trabalho em casa; como cozinhar, tirar a mesa e lavar a louça, lavar roupa, manutenção
da casa e jardim, fazer compras. Segundo essa estatística, o homem dedica mais
tempo no ponto de manutenção da casa, e apesar de fazer compras, atividade em
que homens e mulheres dedicam mais ou menos o mesmo tempo, a mulher dedica mais
tempo em todos os outros pontos. Não faz muito tempo que o trabalho em casa começou a ser dividido. Eram os homens
nascidos nas décadas de sessenta e setenta que, diferente dos seus pais, numa
maior extensão, viviam só durante seus estudos e tiveram que aprender a cuidar
de sua própria casa. Nesse sentido, o desenvolvimento está bom. Mas,
infelizmente, esse progresso não aparece na estatística quando os homens
começam a viver junto com uma mulher; ao contrário, mostra que a mulher tenderá
a ter mais trabalho ainda para fazer.
A autora quer chamar atenção de
que, além disso, o absurdo de que, muitas vezes, as mulheres falam com orgulho
quando seus homens ajudam em casa. Isso é errado porque deveria ser algo óbvio
e algo normal. Imagine se fosse o contrário, que um homem um dia ia confessar
que “na minha casa é a minha mulher que faz as compras e cozinha”. Muitas vezes,
nem a mulher entende quanto tempo dedica à casa, em comparação ao homem. Se o
leitor gostaria de descobrir como está na sua própria relação, tem uma tabela
de trabalho em casa com um sistema de pontos.
Esta tabela é só um exemplo e tem que ser modificada com as tarefas das
casas de cada um. Se tiver filhos também, a lista pode ser alargada mais ainda.
Outras dicas para dividir o trabalho em casa mais igualitariamente, é
que se pode fazer uma lista com tarefas que têm que ser realizadas a cada
semana, e que um dos membros do casal seja responsável por cumprir a lista por
uma semana, e trocar com o outro na semana seguinte. Se a lista não for cumprida,
tem que pagar uma multa de x reais para o outro. Como existem homens que têm a
tendência de querer mostrar para a sua mulher que a tarefa tem sido feita, e
falam “veja que bom, eu enchi a máquina de lavar”, ou “agora está cheirando bem,
depois que eu saí com os lixos”, outra dica é para a mulher começar a fazer o
mesmo como “veja como os copos estão brilhando depois que eu os lavei”. Assim,
logo vai ser óbvio que tal comportamento é ridículo. E lembre que não tem
ciência que fala que mulheres não podem consertar um carro, ou que homens não
sabem passar ferro. Argumentos como que será mais rápido para um fazer uma tarefa
não tem sentido. Cada um é capaz de aprender. Se estivesse sozinho, não podia
culpar a ninguém, e seriam obrigados a fazer tudo sozinhos. A tabela e a lista
são apenas dois instrumentos para ver como a relação está sendo igual, e não
para criar uma relação militar que sempre tem que contar pontos para ter uma
relação boa. A intenção é que depois de descobrir como está na própria relação, as tarefas
serão divididas, naturalmente, de forma mais igual, sem forçar com multas.
Na Suécia, quando tiver filho, os pais têm direito aos 480 dias pagos
para ficar em casa e cuidar seu filho. 240 días são divididos 50%/50% entre o
pai e a mãe e o resto pode ser dividido como os pais querem. O problema nesse
caso é que na sociedade é visto que é obvio que a mãe tira os dias, enquanto o
pai pode escolher quando e como.
No capítulo que discute a parte de trabalho, a autora entra falando
sobre assédio. Segundo estatística feito em 2001, as profissões em que as
mulheres sofrem mais (por causa do seu sexo) são:
Se olhamos o ambiente de trabalho dos jovens, a escola, os assédios
aumentam marcadamente: até 77 % das meninas com idade de 17 anos têm sofrido
por violações sexuais. É muito problemático que este comportamento, depois da
escola, vai entrar no mercado do trabalho. Em 1980 a “lei da igualidade” foi
introduzida na Suécia para assegurar a homens e mulheres os mesmos direitos no
trabalho.
Muitos locais de trabalho não são adaptados para as mulheres. Por
exemplo, deveriam adaptar os locais de trabalho para grávidas, pois a gestação não é uma doença, é um estado natural. Para comparar -
como é natural ir aos banheiros, quem ia reclamar e tirar os banheiros dos trabalhos?
A terceira parte é a sociedade machista. Soa radical, mas com alguns
exemplos já dá para ver que a sociedade, por vários lados, é feita por homens e
para homens. Quando os carros da Volvo foram construídos, os testes foram feitos
só com homens; as cadeiras foram desenhadas para servir ao corpo do homem.
Conclusão
Eu cresci numa sociedade sueca, e eu nunca
me senti maltratada por ser mulher, nem me senti tratada de forma diferente que
os homens; éramos iguais. Eu me sinto bem, eu como mulher também posso abrir
uma porta para um homem, como um gesto amistoso. Homens aqui podem se
vestir de rosa, que só é uma cor entre outras e não tem a ver com sexualidade
ou identificação. No Brasil, eu percebi que é diferente. A distinção entre
meninos e meninas começa cedo. Na Súecia é comum que os pais não queiram saber
o sexo do seu filho antes que nasça, porque querem que seja uma surpresa. No
Brasil, os pais querem saber cedo para começarem a arrumar o quarto para o
filho – rosa se for uma menina e azul se for um menino. Quando se entra numa
loja de roupas, na seção para crianças, as roupas de meninos e de meninas são
bem distintas. Depois, vêm os brinquedos; bonecas para as meninas e carros para
os meninos. Depois, acham estranho que as mulheres gostem mais de bebês que
homens, e que os homens tenham um interesse maior por carros? Quando estimulam
um interesse cedo para uma criança, esse interesse vai continuar a vida inteira,
como um tipo de doutrinação.
Quando eu estava carregando umas sacolas,
mochila ou bolsa no Brasil, meus amigos masculinos sempre queriam carregá-las
para mim. Educadamente, mas com firmeza, eu dizia não. Eu não faço academia, e
carregar umas sacolas era o mínimo exercício para mim! Quando eu preciso de ajuda,
eu peço, mas se consigo, eu prefiro carregar minhas próprias sacolas para
treinar os meus bícepzinhos e tricepzinhos. Por outro lado, se algum amigo meu
estava com MUITAS bolsas etc., eu me oferecia para ajudá-lo, mas sempre me falava,
não, e meu amigo absurdamente continuava carregando, quase caindo por causa do
sobrepeso...
Entre várias diferenças
culturais que têm entre a cultura brasileira e a sueca, é a forma de brincar
com tudo e poder fazer piadas de tudo. O sueco estereotipado é tímido e não
fala muito, e em geral, não é aceito fazer piadas políticas incorretas; quer dizer,
fazer piadas sobre gays, imigrantes, homens ou mulheres, etc. O brasileiro estereotipado
pode, e é mais relaxado nessas questões. Eu acho isso um pouco problemático.
Por um lado é bom, se todos estão relaxados, não tomam a piada a sério e não se
ofendem, mas eu acho muito difícil saber quando a piada passa dos limites. Eu
acho que, em longo prazo, piadas dessa forma terão consequências negativas.
Sempre fazendo piadas sobre as mulheres, fazem com que a mulher, no fim vire
uma piada; vire uma espécie de palhaço, e quem toma um palhaço a sério? Aí vem a
parte problemática: o estereótipo da fêmea continua prosperando. Eu acho o
mesmo sobre as piadas relativas aos homens, que também mantêm o estereótipo do
homem. Os estereótipos
no Brasil são bem firmes. Na Suecia, eu não acho a aparência do homen e da
mulher tão diferentes. Eu acho o livro aqui discutido, um pouco negativo
demais, mas eu concordo que a Suecia também não chegou a ser igual. Criamos os
filhos mais iguais, mas como o livro mostra, na vida de família e trabalho as
tradições conservadoras continuam e as diferenças crescem.