Ser
mulher me parece mais com a construção de uma personagem. Personagem construída
ao longo da história e que não deve sair do script, porque sofre retaliação.
Retaliação dos homens, de outras mulheres, da família, do ambiente de trabalho,
enfim de toda sociedade.
Por
muito tempo, praticamente um único espaço cabia às mulheres na sociedade: o
espaço privado. Em uma sociedade patriarcal e machista, por muito tempo
considerou virtude excelente às mulheres a submissão.
Numa
entrevista, no ano de 1967, uma atriz brasileira, Ítala Nandi afirma: “A única
liberdade que goza a mulher brasileira é a de escutar o homem, curvando a
cabeça. Ela não participa de nada, não sabe de nada. E não porque não quer, mas
porque não pode”(TONELLO, 2011) .
Ao longo da história, com as chamadas ondas
feministas, o cenário foi mudando. A “primeira onda” teria se desenvolvido no
final do século XIX e centrado na reivindicação dos direitos políticos e dos
direitos sociais e econômicos. “A segunda onda” surgiu depois da Segunda Guerra
Mundial, e deu prioridade às lutas pelo direito ao corpo, ao prazer, e contra o
patriarcado (PEDRO, 2005).
No
Brasil o movimento feminista tornou-se mais visível após a ditadura, mais
especificamente na década de 1980. Porém, ao longo da história do país, por
volta dos anos 1970, mulheres como Chiquinha Gonzaga e Maria Josephina Durocher
lutaram por causas abolicionistas e republicanas. Muito antes temos o registro
de Maria Quitéria, que em 1808, se fez passar por homem para lutar pela
independência. E tardiamente para a história do país, em 1934, temos a primeira
deputada brasileira, Carlota Pereira (TONELLO, 2011).
Quanto
aos direitos políticos as mulheres brasileiras trilham um longo processo de
movimentos reivindicatórios. Segundo pesquisa de Tonello (2011), em 1910, a
professora Leolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino e, em 1917,
lidera uma passeata exigindo o direito de voto às mulheres. Nesse mesmo ano, a
pintora Anita Malfatti faz a primeira mostra do que será considerada a arte
moderna brasileira, seguida por Tarsila do Amaral. No ano seguinte, a bióloga Bertha Lutz contesta o
tratamento dado às mulheres na Revista da Semana, nos anos seguintes ela se
tornará uma das líderes da luta pelo voto feminino. Depois de toda esta pressão
social, em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito ao voto, aprovado
pelo então presidente, Getúlio Vagas, que aprova o novo Código Eleitoral com o
direito de voto feminino.
Nessa trajetória da mulher na política, não tem como não citar Patrícia Galvão (1910-1962), ou simplesmente Pagu, foi militante do partido comunista em 1931. Segundo Pontes (2006), ela é uma figura emblemática do feminismo que se organizava naquela época, símbolo da mulher emancipada e libertária, escritora concretista, Patrícia Galvão virou uma espécie de ícone capaz de atender e preencher demandas e conteúdos diversos, cuja vida inspirou o lançamento do periódicoCadernos Pagu, criado em 1993, tornou-se um dos principais periódicos brasileiros centrados na problemática de gênero , divulga reflexões teórico-metodológicas, resultados de pesquisa , documentos e resenhas , abordados a partir de diferentes p erspectivas teóricas. (http://www.pagu.unicamp.br).
Nessa trajetória da mulher na política, não tem como não citar Patrícia Galvão (1910-1962), ou simplesmente Pagu, foi militante do partido comunista em 1931. Segundo Pontes (2006), ela é uma figura emblemática do feminismo que se organizava naquela época, símbolo da mulher emancipada e libertária, escritora concretista, Patrícia Galvão virou uma espécie de ícone capaz de atender e preencher demandas e conteúdos diversos, cuja vida inspirou o lançamento do periódico
Ao
acompanharmos a trajetória feminina no país e no contexto mundial, constatamos
que muitos direitos foram conquistados. Cada dia mais percebemos que o espaço
da mulher na sociedade não se restringe mais ao espaço privado. Encontramos
mulheres atuando em diversas áreas e cada dia mais atuante no cenário político.
Porém, existe ainda muito preconceito e para as mulheres estarem em lugares
eminentemente masculinos elas são exigidas a apresentarem determinadas
posturas, segundo Tavares (2006), para a mulher transitar no meio político (e acrescento aqui, qualquer outro meio profissional onde antes era majoritária a presença masculina, como no Direito, nos cargos de chefia) e ser respeitada, a mulher deve demonstrar recato, usar um vestuário sóbrio (o terninho) e, principalmente, adotar uma postura assexuada, isto é, deve sublimar sua sexualidade e evitar quaisquer demonstrações de afeto, o que não é exigido do homem.
E assim, a sociedade continua ditando sua maneira de vestir, andar, falar, ditando o seu comportamento em geral. Sofrendo ainda, retaliação, crítica e descrédito quando alguma atitude sua foge do que se espera dela. Ou seja, a cobrança com o que deve ser uma mulher é muito grande, fazendo do gênero uma espécie de instrumento de manipulação e dominação.
E assim, a sociedade continua ditando sua maneira de vestir, andar, falar, ditando o seu comportamento em geral. Sofrendo ainda, retaliação, crítica e descrédito quando alguma atitude sua foge do que se espera dela. Ou seja, a cobrança com o que deve ser uma mulher é muito grande, fazendo do gênero uma espécie de instrumento de manipulação e dominação.
REFERÊNCIAS
TONELLO, Márcia Nogueira. A longa caminhada da mulher no Brasil: a chegada de Dilma Rousseff à Presidência marca um momento importante da luta secular das mulheres por igualdade e respeito. Guia do Estudante: Atualidades - Vestibular + Enem. 13. ed. São Paulo: Abril, 2011. p. 120-124.
CARDOSO, Ruth; CHAUÍ, Marilena; PAOLI, Marilena. Perspectivas Antropológicas da Mulher. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. Scielo: Scientific Eletronic Library Online, jun.2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742005000100004&lang=pt#nt01>. Acesso em: 28 jun. 2012.
PONTES, Heloísa. Vida e obra de uma menina nada comportada: Pagu e o Suplemento Literário do Diário de S. Paulo. Scielo: Scientific Eletronic Library Online, Cad. Pagu no.26 Campinas Jan./June 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332006000100017&lang=pt>. Acesso em: 11 out. 2012.
TAVARES, Márcia. "Por que falar em gênero?". Texto elaborado para a disciplina Seminários Temáticos I do Curso de Serviço Social à distância da Universidade Tiradentes/ SE, 2006. Disponível em: <http://unitead.micropower.com.br>.