"... o sexo é fisiológico e diz respeito às diferenças biológicas entre machos e fêmeas da espécie humana. O sexo é determinado pelas características físicas, equipamento biológico que, de fato, é diferente em homens e mulheres. Já o gênero é cultural, ou seja, ser homem ou ser mulher não implica apenas na fisiologia, mas também em incorporar comportamentos, desempenhar papéis e funções sociais que historicamente foram designadas como masculinas e femininas" (TAVARES, 2006).


sábado, 30 de junho de 2012

O QUE É SER MULHER?

Quando me deparo com esta questão pergunto-me sempre porque se espera tanto desta construção: “ser” MULHER. Sim, porque “ser mulher” é uma construção social. A sociedade dita o que devemos vestir, como devemos falar, sentar, andar. Quando devemos ter filhos, quando devemos nos casar, qual profissão devemos escolher. A sociedade também dita onde devemos ficar, qual o nosso lugar, quando devemos atuar.
Ser mulher me parece mais com a construção de uma personagem. Personagem construída ao longo da história e que não deve sair do script, porque sofre retaliação. Retaliação dos homens, de outras mulheres, da família, do ambiente de trabalho, enfim de toda sociedade.
Por muito tempo, praticamente um único espaço cabia às mulheres na sociedade: o espaço privado. Em uma sociedade patriarcal e machista, por muito tempo considerou virtude excelente às mulheres a submissão.

Numa entrevista, no ano de 1967, uma atriz brasileira, Ítala Nandi afirma: “A única liberdade que goza a mulher brasileira é a de escutar o homem, curvando a cabeça. Ela não participa de nada, não sabe de nada. E não porque não quer, mas porque não pode”(TONELLO, 2011) .


 Ao longo da história, com as chamadas ondas feministas, o cenário foi mudando. A “primeira onda” teria se desenvolvido no final do século XIX e centrado na reivindicação dos direitos políticos e dos direitos sociais e econômicos. “A segunda onda” surgiu depois da Segunda Guerra Mundial, e deu prioridade às lutas pelo direito ao corpo, ao prazer, e contra o patriarcado (PEDRO, 2005).                                

No Brasil o movimento feminista tornou-se mais visível após a ditadura, mais especificamente na década de 1980. Porém, ao longo da história do país, por volta dos anos 1970, mulheres como Chiquinha Gonzaga e Maria Josephina Durocher lutaram por causas abolicionistas e republicanas. Muito antes temos o registro de Maria Quitéria, que em 1808, se fez passar por homem para lutar pela independência. E tardiamente para a história do país, em 1934, temos a primeira deputada brasileira, Carlota Pereira (TONELLO, 2011).
                                                
Quanto aos direitos políticos as mulheres brasileiras trilham um longo processo de movimentos reivindicatórios. Segundo pesquisa de Tonello (2011), em 1910, a professora Leolinda Daltro funda o Partido Republicano Feminino e, em 1917, lidera uma passeata exigindo o direito de voto às mulheres. Nesse mesmo ano, a pintora Anita Malfatti faz a primeira mostra do que será considerada a arte moderna brasileira, seguida por Tarsila do Amaral. No ano seguinte, a bióloga Bertha Lutz contesta o tratamento dado às mulheres na Revista da Semana, nos anos seguintes ela se tornará uma das líderes da luta pelo voto feminino. Depois de toda esta pressão social, em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito ao voto, aprovado pelo então presidente, Getúlio Vagas, que aprova o novo Código Eleitoral com o direito de voto feminino. 

Nessa trajetória da mulher na política, não tem como não citar Patrícia Galvão (1910-1962), ou simplesmente Pagu, foi militante do partido comunista em 1931. Segundo Pontes (2006), ela é uma figura emblemática do feminismo que se organizava naquela época, símbolo da mulher emancipada e libertária, escritora concretistaPatrícia Galvão virou uma espécie de ícone capaz de atender e preencher demandas e conteúdos diversos, cuja vida inspirou o lançamento do periódico Cadernos Pagu, criado em 1993, tornou-se um dos principais periódicos brasileiros centrados na problemática de gênero, divulga reflexões teórico-metodológicas, resultados de pesquisadocumentos e resenhas, abordados a partir de diferentes  perspectivas teóricas. (http://www.pagu.unicamp.br).


Ao acompanharmos a trajetória feminina no país e no contexto mundial, constatamos que muitos direitos foram conquistados. Cada dia mais percebemos que o espaço da mulher na sociedade não se restringe mais ao espaço privado. Encontramos mulheres atuando em diversas áreas e cada dia mais atuante no cenário político. Porém, existe ainda muito preconceito e para as mulheres estarem em lugares eminentemente masculinos elas são exigidas a apresentarem determinadas posturas, segundo Tavares (2006), para a mulher transitar no meio político (e acrescento aqui, qualquer outro meio profissional onde antes era majoritária a presença masculina, como no Direito, nos cargos de chefia) e ser respeitada, a mulher deve demonstrar recato, usar um vestuário sóbrio (o terninho) e, principalmente, adotar uma postura assexuada, isto é, deve sublimar sua sexualidade e evitar quaisquer demonstrações de afeto, o que não é exigido do homem

E assim, a sociedade continua ditando sua maneira de vestir, andar, falar, ditando o seu comportamento em geral. Sofrendo ainda, retaliação, crítica e descrédito quando alguma atitude sua foge do que se espera dela. Ou seja, a cobrança com o que deve ser uma mulher é muito grande, fazendo do gênero uma espécie de instrumento de manipulação e dominação.                                           



REFERÊNCIAS


TONELLO, Márcia Nogueira. A longa caminhada da mulher no Brasil: a chegada de Dilma Rousseff à Presidência marca um momento importante da luta secular das mulheres por igualdade e respeito. Guia do Estudante: Atualidades - Vestibular + Enem. 13. ed. São Paulo: Abril, 2011. p. 120-124.
CARDOSO, Ruth; CHAUÍ, Marilena; PAOLI, Marilena. Perspectivas Antropológicas da Mulher. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
PEDRO, Joana Maria. Traduzindo o debate: o uso da categoria gênero na pesquisa histórica. Scielo: Scientific Eletronic Library Online, jun.2006. Disponível em:<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-90742005000100004&lang=pt#nt01>. Acesso em: 28 jun. 2012.
 PONTES, Heloísa. Vida e obra de uma menina nada comportada: Pagu e o Suplemento Literário do Diário de S. Paulo. Scielo: Scientific Eletronic Library Online, Cad. Pagu  no.26 Campinas Jan./June 2006. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-83332006000100017&lang=pt>. Acesso em: 11 out. 2012.
TAVARES, Márcia. "Por que falar em gênero?". Texto elaborado para a disciplina Seminários Temáticos I do Curso de Serviço Social à distância da Universidade Tiradentes/ SE, 2006. Disponível em: <http://unitead.micropower.com.br>.

UM POUCO DA HISTÓRIA COLONIAL




No início da colonização, o território brasileiro era um vasto espaço ocupado esparsamente por nações indígenas, com os portugueses estabelecendo-se a partir da costa. O choque entre as duas culturas incluía o papel da mulher. Nas sociedades tribais, a divisão simples de trabalho entre homens e mulheres era focada na sobrevivência cotidiana em meio a condições selvagens. Aos poucos, os portugueses impõem, a partir dos núcleos coloniais, a moral e as regras da sociedade patriarcal europeia e portuguesa.
Assim, as relações familiares - em especial entre as classes mais ricas – organizam-se a partir da autoridade do chefe de família, pois o casamento é uma instituição básica para a transmissão do patrimônio. Nesse período histórico, as uniões são guiadas por interesses econômicos. As mulheres são confinadas ao espaço doméstico, suas vestimentas públicas, com frequência, cobrem o corpo todo, e se submetem à figura do patriarca, que exerce forte domínio sobre o clã familiar (TONELLO, 2011).


REFERÊNCIA:

TONELLO, Márcia Nogueira. A longa caminhada da mulher no Brasil: a chegada de Dilma Rousseff à Presidência marca um momento importante da luta secular das mulheres por igualdade e respeito. Guia do Estudante: Atualidades - Vestibular + Enem. 13. ed. São Paulo: Abril, 2011. p. 120-124.



sexta-feira, 29 de junho de 2012

UM POUCO DE MITOLOGIA GREGA...




Origem da Caixa de Pandora


Pandora foi a primeira mulher que existiu, criada por Hefesto (deus do fogo, dos metais e da metalurgia) e Atena (deusa da guerra, da civilização, da sabedoria, da arte, da justiça e da habilidade) auxiliados por todos os deuses e sob as ordens de Zeus. Cada um lhe deu uma qualidade. Recebeu de um a graça, de outro a beleza, de outros a persuasão, a inteligência, a paciência, a meiguice, a habilidade na dança e nos trabalhos manuais. Hermes, porém, pôs no seu coração a traição e a mentira. Feita à semelhança das deusas imortais, destinou-a Zeus à espécie humana, como punição por terem os homens recebido de Prometeu o fogo divino. Foi enviada a Epimeteu, a quem Prometeu recomendara que não recebesse nenhum presente dos deuses. Vendo-lhe a radiante beleza, Epimeteu esqueceu quanto lhe fora dito pelo irmão e a tomou como esposa.Epimeteu tinha em seu poder uma caixa que outrora lhe haviam dado os deuses, que continha todos os males. Avisou a mulher que não a abrisse. Pandora não resistiu à curiosidade. Abriu-a e os males escaparam. Por mais depressa que providenciasse fechá-la, somente conservou um único bem, a esperança. E dali em diante, foram os homens afligidos por todos os males.

Hesíodo conta duas vezes o mito de Pandora; na Teogonia não lhe dá nome, mas diz: Dela vem a raça das mulheres e do gênero feminino: dela vem a corrida mortal das mulheres que trazem problemas aos homens mortais entre os quais vivem,nunca companheiras na pobreza odiosa, mas apenas na riqueza..Hesíodo segue lamentando que aqueles que tentam evitar o mal das mulheres evitando o casamento não se sairão melhor:

Ele chega à velhice mortal sem ninguém para cuidar de seus anos, e, embora, pelo menos, não sinta falta de meios de subsistência enquanto ele vive, ainda, quando ele está morrendo, seus parentes dividem suas posses entre eles.Hesíodo admite que, ocasionalmente, um homem encontra uma mulher boa, mas ainda assim o "mal rivaliza com o bem”.(Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Pandora).





P.S.: “Costuma ser um lugar-comum, em inúmeras mitologias, o aparecimento recorrente da “caixa de Pandora”, isto é, a imprudência feminina como causa de males para o gênero humano. Aliás, é interessante observar que a “curiosidade imprudente” costuma ser invariavelmente um atributo feminino, como se houvesse nas mulheres um peculiar “desejo de saber” catastrófico, um impulso à transgressão que contrasta paradoxalmente com a imagem da docilidade e da obediência (imagem que as tragédias gregas e as lápides romanas não nos deixam circunscrever apenas à mulher “vitoriana” do século XIX). Poderíamos, com certa perplexidade, indagar se a “curiosidade imprudente” atribuída às mulheres não exprimiria muito mais desejos e fantasias masculinas do que ‘instintos’” femininos” (CHAUÍ et al, 1981, p.28).



REFERÊNCIA:

CARDOSO, Ruth; CHAUÍ, Marilena; PAOLI, Marilena. Perspectivas Antropológicas da Mulher. 1. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1981.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

MACHISMO, MULHER E HISTORIA


Historia das mulheres

Mexicanas
Tlazoltéotl, lua mexicana, deusa da noite asteca, nasceu num lugar conhecido como panteón machista dos astecas.
Ela era a mãe que guiava a viagem das sementes até as plantas. Deusa do amor e também do lixo, condenada a comer lixo, encarnava a fecundidade e a luxuria.
Como Eva e como Pandora, Tlazoltéotl era a culpada por toda perdição dos homens. As mulheres que nasciam no seu dia eram condenadas ao prazer. E quando a terra tremia, por vibração suave, ou por terremoto devastador, ninguém duvidava de que era ela a causadora dos abalos...
   





Egipcias

No Egito as mulheres, fossem nobres ou plebeias, se casavam  livremente e não renunciavam nem aos seus nomes,  nem aos seus bens. 
A educação, a propriedade, o trabalho e a herança eram direitos delas, e não só dos homens, e eram elas que faziam as compras no mercado, enquanto os homens ficavam cuidando da casa... 
O Egito foi um claro exemplo de civilização antiga igualitária.

        



Hebreias

O Antigo Testamento conta que as filhas de Eva seguiam sofrendo o castigo divino.
Poderiam morrer apedrejadas, as adúlteras, as feiticeiras e as mulheres que não fossem mais virgens no matrimonio. Iam para fogueira as  filhas de sacerdotes que fossem prostitutas.
Durante quarenta dias ficava impura a mulher que tinha um filho, e durava oitenta dias a impureza se o filho fosse uma menina.
Impura era a mulher menstruada. Sua impureza durava sete dias e sete noites, e transmitia sua impureza a toda pessoa que a tocava ou que tocava a cadeira ou a cama donde dormia...
 

Hindus

Mitra, mãe do sol e da água, foi deusa desde o dia que nasceu. Quando chegou na Índia, desde Babilônia, a deusa teve que se converter em deus.
Já se passaram muitos anos desde a chegada de Mitra e ainda as mulheres não são bem-vindas na Índia. Há menos mulheres que homens lá. Em algumas regiões são oito mulheres para cada dez homens. São muitas as que não finalizam sua viagem porque morrem no ventre da sua mãe e muitas  as que são asfixiadas ao nascer.
A tradição mandava que as mulheres morressem queimadas na fogueira que ardia o seu defunto marido. Durante séculos, muitas o fizeram, porém, não se conhece nenhum caso de marido que fosse queimado na fogueira de sua defunta mulher...
     


Romanas

Cicero explicava que as mulheres deviam estar submetidas aos homens devido a debilidade do seu intelecto.
As romanas passavam das mãos de um homem às mãos de outro homem. O pai que casava sua filha a vendia para o seu marido em propriedade ou emprestado.  A única coisa importante era seu patrimônio e sua herança.
Os médicos romanos achavam que as mulheres, todas patrícias, plebeias ou escravas, tinham menos dentes e menor cérebro que os homens.
Plínio ‘O Velho’, a maior autoridade cientifica do império, demonstrou que a mulher menstruada fazia o vinho novo mais azedo, esterilizava as colheitas, secava as sementes e as frutas, matava as plantas e fazia com que os cães enlouquecessem...



Gregas

De uma dor de cabeça de Zeus nasceu Atena. Ela nasceu sem mãe.
Tempos depois seu voto foi decisivo no tribunal dos deuses.
Amargurada e impulsiva, Electra, levada mais pela fúria do que pela maldade, induziu seu irmão, Orestes, a assassinar sua mãe, vingando a morte de seu pai.
Apolo assumiu a defesa expondo que os acusados eram filhos de uma mãe indigna e que a maternidade não tinha a menor importância.
Dentre os treze deuses do tribunal, seis votaram pela condenação e seis pela libertação de Electra e Orestes. 
Atena decidiu o desempate. Ela votou por conta da mãe que nunca teve e deu vida eterna ao poder masculino em Atenas...
             







Mulheres históricas

Na historia universal, escrita principalmente pelos homens, é bem difícil achar relatos de mulheres que influenciaram de forma importante no decorrer dos anos. Mas teve, e têm muitas, que pela sua valentia, sua luta pela igualdade de sexos e sua capacidade intelectual conquistaram um lugar num mundo injustamente masculino.
Agora seguem alguns exemplos de mulheres históricas, algumas mais reconhecidas que outras, mas todas elas muito importantes.


                




Urraca (1187-1220)
Foi a primeira rainha da Espanha. Governou durante dezessete anos, mas a historia conta que não foram mais que quatro...
Divorciou-se do marido que lhe foi imposto, farta de sofrer sua violência e o mandou embora da sua cama e do seu palácio. A historia conta que foi ele que a rejeitou...
Para que a igreja soubesse quem mandava e aprendesse a respeitar o trono feminino, a rainha Urraca mandou para o cárcere o bispo de Santiago de Compostela, pegando todos seus castelos, algo nunca visto nessas terras tão cristãs. A historia clerical conta que isso foi um simples ataque de loucura...
Teve muitos amores e muitos amantes, mas essas são coisas que a historia clerical tem vergonha de contar...



             

Trótula (sc. XI)
Enquanto as Cruzadas atravessavam a Ásia, Trótula Ruggerio morria em Salerno.
Não se sabe muita coisa dela já que a historia estava ocupada em registrar as proezas dos guerreiros de Cristo. Mas se sabe que foi a primeira mulher a escrever um tratado em ginecologia, obstetrícia e puericultura.
Na época as mulheres não se atreviam a mostrar seu corpo aos homens,  por isso recorriam a ela para abrir seu corpo e sua alma, e contar todos seus secretos e todos seus problemas.
Trótula ensinava a aliviar a viuvez, a simular a gravidez, a como levar melhor um parto, a como evitar o mau alento, a branquear a pele e os dentes... 
A cirurgia estava de moda, mas Trótula preferia outras terapias: a mão, as plantas, o ouvido. Fazia massagens, preparava infusões e sabia escutar.



                








Harriet Tubman (sc.XIX)
Viveu no Canadá. Ela foi uma escrava que com valentia, fugiu. Seu marido não foi com ela, ele preferia seguir sendo escravo e pai de escravos.
Ela regressou para libertar a seus pais e  seus irmãos, e assim fez até dezenove viagens liberando mais de trezentos escravos negros.
Até quarenta mil dólares foram oferecidos em recompensa pela sua captura, mas ninguém os chegou a ganhar.







Olympia de Gouges (1748-1793)
São femininos muitos dos símbolos da Revolução Francesa, mas  esta foi a Revolução que proclamava os Direitos do Homem e do Cidadão...  Por isso que quando a militante revolucionaria Olympia de Gougues propôs  a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadania foi presa e o Tribunal a sentenciou que lhe cortassem a cabeça na guilhotina.
Suas companheiras eram tomadas por loucas, e sua principal precursora Malon Roland, ainda sendo esposa do ministro de interior da França, tampouco se liberou da guillotina.






           


Emilia Pardo Bazán (1851-1921)
Como a educação não era para as mulheres, ela vestiu-se de homem para entrar na universidade.
Escreveu mais de 500 obras literárias, conjugando realismo e naturismo em suas obras, sempre mantendo um forte ativismo no campo dos direitos da mulher, sobretudo no direito a uma educação igualitária.
Também escreveu muito sobre o matrimônio, separou-se do seu marido e teve muitos amores, sem permitir nunca a supremacia do homem.
Ainda sendo uma das escritoras mais importantes da historia da Espanha, foi excluída da Real Academia da Língua. O motivo? ser mulher!




           

Marie Curie (1867-1934)
Foi a primeira mulher que recebeu o premio Nobel, e o recebeu duas vezes.
Foi também, a primeira mulher catedrática da Soborne e durante muitos anos a única.
Depois, quando já não podia celebrá-lo, foi a primeira mulher aceitada no Panteón, mausoléu reservado os grandes homens da França, ainda que ela não fosse homem e tivesse nascido na Polônia.
Ao final de século XIX, Marie Sklodowska e seu marido, Pierre Curie, descobriram uma substancia que emitia quatrocentas vezes mais radiação que o urânio. Chamaram polônio, em homenagem ao pais de Marie. Pouco depois, inventaram a palavra radioatividade e começaram seus experimentos com o radio, três mil vezes mais forte que o urânio. Juntos receberam o premio Nobel.
O corpo de Marie teve que pagar o preço do seu êxito. As radiações provocaram queimaduras graves e fortes dores, até que finalmente morreu de anemia.




            







Alexandra Kollontai (1872-1952)
Foi a única mulher que chegou a ser ministra no governo de Lennin.
Graças a ela, a homossexualidade e o aborto deixaram de ser crime, o adultério já não foi mais uma condenação à pena perpetua, as mulheres tiveram direito ao voto e igualdade de salários. Criou creches gratuitas, restaurantes populares e lavanderias coletivas.
Anos depois, quando Stalin decapitou a revolução, Alexandra conseguiu conservar sua cabeça. Mas deixou de ser ministra.






Victoria Kent (1889-1987)
Nascida em Madrid, em 1936, Victoria Kent foi eleita deputada do governo.
Sua popularidade veio pela reforma dos cárceres. Quando iniciou essa reforma, seus numerosos inimigos acusaram-na de entregar seu país, a  Espanha nas mãos dos delinquentes. No entanto, Victoria que já tinha trabalhado nos cárceres e conhecia bem a dor humana seguiu adiante com seu programa.
Fechou as prisões em mau estado, que eram a maioria, inaugurou as permissões de saída, liberou todos os presos maiores de 70 anos, criou campos de desporte e lugares de trabalho voluntario e suprimiu as celas de castigo.   


Doria Shafik (1908-1975)
No Cairo, em 1951, mil quinhentas mulheres invadiram o Parlamento.
Estiveram lá durante horas. Clamavam que o Parlamento era mentira porque a metade da população não podia votar nem ser votada.
Os lideres religiosos, representantes do céu gritavam: “O voto degrada a mulher e contradiz a natureza”.
O direito ao voto custou mas foi conquistado. Foi uma das conquistas da União de Filhas do Nilo. O governo proibiu que  a União se convertesse em partido político, e condenou à prisão domiciliar a Doria Shafik, líder do movimento.
Isso não foi nada estranho. Quase todas as mulheres egípcias estavam condenadas à prisão domiciliar. Não podiam fazer nada sem permissão do pai ou do marido, e muitas eram as que só saiam da casa em três ocasiões: para ir a Meca, para ir a sua boda e para ir a seu enterro.  
              







Referências:

GALEANO, Eduardo. Espejos. Una historia casi universal. Siglo XXI editores. Madrid, fev. 2008.